Três histórias de empreendedoras goianas que encararam as dificuldades, inclusive a barreira machista, e fazem sucesso no meio empresarial.
Mesmo com seu trabalho reconhecido nacionalmente, as dificuldades para a mulher empreendedora são velhas conhecidas de Naya Violeta, dona da marca de roupas de mesmo nome. Ela foi a primeira goiana a ter seu trabalho exposto na São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda da América Latina, e estampou grandes revistas do segmento como a Vogue Brasil e a Elle, mas diz não ter recebido reconhecimento ou apoio das iniciativas públicas e privadas do Estado de Goiás.
“Meus apoiadores são meus próprios clientes, que acompanham a marca há mais de 10 anos e seguem comprando ou trazendo novas pessoas”, conta ao EMPREENDER EM GOIÁS. Para a estilista, ser mulher e negra empreendendo em Goiás já é por si só um verdadeiro desafio. “Goiás sabe da minha existência, mas nunca me abriu as portas. Minha passagem pela São Paulo Fashion Week, por exemplo, sequer chegou a ser noticiada no Estado e eu fui a primeira goiana a chegar lá”, afirma.
Naya Violeta trabalha com o que define como “moda afroafetiva”, por trazer em suas roupas um pouco da história e da afetividade negras. “A minha inspiração para a marca veio inicialmente de um desejo pessoal e depois de um desejo coletivo de quem queria se ver representado na moda. Eu tive uma criação matriarcal, de mulheres ligadas à costura e aprendi a me reconhecer nesse espaço”, explica. Hoje, a empresária conta com um ateliê em Goiânia, duas lojas em São Paulo e uma loja em Salvador.
Outra empreendedora que conhece de perto as dificuldades de ser dona do seu próprio negócio em Goiás é a publicitária e designer gráfico Ana Luíza de Jesus, CEO da agência Designa Gestão de Marcas. Para ela, o empreendedorismo surgiu como alternativa para fugir dos baixos salários na sua área de atuação assim que se tornou mãe.
“Eu comecei a empreender em 2014, após a maternidade, porque via que o mercado não me dava o retorno que eu achava que merecia e que precisava para me sustentar e sustentar minha família”, diz.
Machismo
Mais do que o desafio de conciliar a maternidade com o negócio próprio, Ana Luíza explica que precisou enfrentar as dificuldades de quem começava a empreender sem apoio financeiro familiar e ainda lidava com o machismo no mercado de trabalho.
“Goiás tem uma cultura ultrapassada na área da comunicação e o homem ainda domina o mercado por aqui. É normal ter a minha competência sempre colocada à prova, como se por ser mulher eu não fosse capaz de entregar resultados”, afirma. Para a CEO, o grande reconhecimento vem dos próprios clientes, em sua maioria mulheres, que indicam seu nome e sua agência a outros profissionais.
A artista joalheira e designer de joias Adeguimar Arantes tem outras experiências no empreendedorismo no Estado. Com mais de 30 anos de mercado e integrante de um segmento de artigos de luxo, a empresária conta que o solo rico em minérios no Estado de Goiás é um campo fértil para sua criatividade e seu ofício, tendo como maior dificuldade produzir para um público exigente e que sabe o valor do seu produto.
“A joia, diferentemente de um objeto eletrônico, envolve sentimentos e não está destinada a dar defeitos ou a morrer no lixo. À empreendedora (deste ramo), seja artesã, designer, ourives ou artista, cabe a compreensão de que o comprador de joias jamais será alienado, ele está cada vez mais consciente e aprecia também o processo de feitura da peça. Aprecia o diferenciado, o inovador e valoriza o dinheiro”, explica.
Para a artista e empresária, as diferenças tão latentes no trabalho da mulher vivenciadas por Naya Violeta e Ana Luíza de Jesus não foram a principal questão do seu empreendedorismo. “No meu caso específico, mudei o olhar e passei a enxergar a discriminação no foco positivo porque discriminar, no sentido dicionarizado da palavra, é diferenciar, distinguir e se você usa essa diferença a seu favor, pode ser extremamente positivo. Até porque o maior comprador de joia, roupas, acessórios e outros objetos é a mulher”, frisa Adeguimar Arantes.
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Muito esclarecedor, todas as artistas citadas são um exemplo para todas nó. Parabéns pelo artigo