quinta-feira, 25 de abril de 2024
Aumento dos combustíveis deve ter efeito cascata nos demais preços

Aumento dos combustíveis deve ter efeito cascata nos demais preços

O aumento de 25% sobre o valor do diesel deve trazer o maior impacto para a economia local, já que o combustível está presente em toda a cadeia produtiva do Estado.

11 de março de 2022

André Rocha: “Muitas empresas estão vendendo mais, mas com uma margem de lucro cada vez menor”

O reajuste nos preços dos combustíveis, anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10/3), acendeu o alerta no setor produtivo de Goiás. O aumento de 25% sobre o valor do diesel deve trazer o maior impacto para a economia local, já que o combustível está presente em toda a cadeia produtiva do Estado. Praticamente todos os segmentos ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS avaliam que, pela proporção dos aumentos anunciados pela Petrobras e o repasse imediato pelas distribuidoras e postos, dificilmente as empresas e produtores vão conseguir absorver o custo maior. Ou seja: haverá repasses aos preços.

Para o produtor rural, por exemplo, o diesel é hoje um dos principais insumos utilizados, como explica Alexandro Santos, coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag). “O diesel tem participação de cerca de 5% nos custos da produção agrícola. Esse aumento vem no momento que vivemos aumentos de outros insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas. Sem dúvida, terá um impacto muito grande para os custos da produção rural”, afirma.

Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha diz que o impacto do reajuste dos combustíveis no setor ainda não está claro.

“Vivemos um momento de aumentos crescentes nos custos de produção e não são todos os setores que conseguem repassar esses aumentos para o preço final. Muitas empresas estão vendendo mais, mas com uma margem de lucro cada vez menor. Os efeitos desse novo reajuste (dos combustíveis) agora vão depender de como chegará das refinarias. O que nos causa espanto é que antes mesmo de as refinarias ajustarem seus preços, alguns postos (de Goiás) já repassaram o aumento que ainda não havia acontecido”, diz Rocha.

O transporte das cargas também deve sofrer diretamente com o reajuste do diesel. “Hoje, cerca de 70% de toda a carga brasileira é transportada com diesel. Um aumento da ordem de 25% tem impacto muito grande no setor de transportes, que é o primeiro a sofrer esses efeitos. E tem efeito cascata, começa nos transportes e logo afeta toda a cadeia logística e produtiva”, diz o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado de Goiás (Setceg), Ademar Pereira.

Marcelo Baiocchi: “O reajuste pode não chegar ao consumidor, se essa situação for momentânea”

Comércio
Para o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi, o reajuste pode não chegar ao consumidor, se essa situação for momentânea. “Quando chegarem os reajustes em função do combustível, com certeza o comércio vai ter que absorver o impacto em um primeiro momento. Mas isso perdurando e não tendo retorno, será inevitável repassar ao consumidor e o combustível acaba afetando o preço da mercadoria na prateleira do comerciante”, afirma.

Baiocchi acredita que os impactos dessa pressão externa sobre a economia goiana dependem da duração do conflito internacional. “Desde que a guerra tenha o seu fim, os preços dos barris poderão voltar ao patamar que estavam sendo praticados. Mas se não for um aumento somente em função da guerra e se o barril do petróleo não baixar, com certeza o reajuste deverá chegar até o produto final no comércio”, explica.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, acredita que, com o tamanho do reajuste, é impossível que o impacto não cause danos à economia.

“O aumento dos combustíveis, na proporção em que foi anunciado pela Petrobras, traz consequências muito danosas para a economia do País, para o empresário do segmento de combustíveis e de outros segmentos que dependem dos combustíveis, além do consumidor, de forma geral, que será o maior prejudicado”, afirma.

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