sexta-feira, 26 de abril de 2024
O casamento acabou. E a empresa?

O casamento acabou. E a empresa?

  Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que 90% das empresas do país são familiares. Muitas nascem de uma sociedade entre os cônjuges. Por isso, índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no final de 2019, chamam a atenção. De acordo com o levantamento, no […]

31 de janeiro de 2020

 

Dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que 90% das empresas do país são familiares. Muitas nascem de uma sociedade entre os cônjuges. Por isso, índices do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no final de 2019, chamam a atenção. De acordo com o levantamento, no último ano houve elevação de 3,2% nos divórcios. A proporção é de uma separação para cada três casamentos. Em Goiás, os divórcios aumentaram 19,7% em um ano.

Com o fim do relacionamento, o desafio é fazer com que a desilusão amorosa e a disputa por bens ou pela direção dos negócios não interfira na credibilidade conquistada no mercado. É uma batalha dificultada pela cultura de improviso e ausência de regras da maior parte das organizações de pequeno porte. Atritos por cargos entre familiares e ausência de um mediador profissional, isento de passionalidade, no gerenciamento da crise do divórcio e da transição, causam desastres e podem acarretar no fechamento da empresa.

Nas grandes corporações, o impacto não é sentido porque as regras são claras e estabelecidas para todos os sócios por meio de documentos e pelo fato da empresa não estar dependente do trabalho desenvolvido por um das partes. Bem diferente do que ocorre na maioria das pequenas empresas, onde não existe a elaboração de documentos societários prevendo acordo de sócios e soluções legais para resolução de impasses. Nestes casos, há ainda uma outra questão sensível a se resolver: quando cada cônjuge assume uma frente da empresa, essa fica dependente da expertise de ambos no rotina da operação. Com o divórcio, há perda de capital, know how e de um braço produtivo – que pode se tornar um ferrenho concorrente em caso de cisão.

Precauções podem ser tomadas pelo casal empreendedor a fim de preservar o equilíbrio organizacional. Muita conversa, planejamento, organização e regulação dos assuntos relacionados à patrimônio, família e gestão empresarial são essenciais para evitar conflitos em momentos decisivos. A separação dos bens pessoais dos empresariais e o planejamento estratégico da empresa são outras boas práticas que auxiliam nos momentos mais difíceis da crise do divórcio e que permitem que a empresa possa continuar andando sem restrições jurídicas ou perda de foco estratégico.

Vale também ressaltar a importância da contratação de consultoria especializada a fim de que a questão seja tratada de forma objetiva, técnica e imparcial.

Empresário, Consultor de Gestão e Especialista em Governança Corporativa.

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