Joias com valor além dos materiais

“Só sei pensar minha arte como um meio de promover o bem, seja para quem usa ou a contempla”. Palavras da mulher, empresária e artista Adeguimar Arantes (60), para descrever seu trabalho. A proprietária da joalheria, que carrega seu nome, conquistou o mundo com suas peças que traduzem o Cerrado, com uma proposta exclusiva e segura. Além de possuir um projeto onde capacita outras mulheres, principalmente indígenas e quilombolas, a produzir, significar e transformar talentos, em joias com valor não só financeiro, mas representativo.  

Nascida em Paraúna, a pouco mais de 150 km de Goiânia, Adeguimar tornou-a pioneira em muitas frentes. Logo em sua primeira empreitada, em Goiás, do sítio de seu cônjuge, tornou-se a primeira artista joalheira brasileira a usar somente metais reciclados desde 1985., ao perceber que o “valor” das peças não estava nos materiais, mas sim no significado. Suas peças são vistas como arte, sendo expostas em diversas partes do mundo. 

“Investi anos na busca do meu melhor resultado, uma joia valiosa, porém sem liquidez.  É meu modo de combater a violência crescente”. As peças, segundo Adeguimar, carregam significado com um forte trabalho de branding (gerar valor ao nome). A empresária diz apostar na escassez para dar mais exclusividade aos seus produtos. “Os clientes têm acesso, hoje, a algumas obras que somam apenas cinquenta por ano, totalmente Slow”, revela.  

Adeguimar Arantes, confiando na exclusividade de seus produtos, criou o primeiro sistema de leasing de joias no Brasil por quatro anos, um exclusivo clube de clientes tem acesso hoje a algumas de suas obras. Sua atual coleção a “terra das águas”, traz elementos do bioma goiano.  

Seguindo os passos de seu pai, Miguel Martins Ambrósio, artesão e armeiro, cultivou o amor pelo Cerrado goiano. Da mãe agricultora, Anália do Carmo Arantes Martins, herdou a afinidade com as coisas que vêm da terra. Adeguimar já recebeu inúmeras honrarias e premiações. Entre esses, o prêmio de Mulher Empreendedora do Sebrae, de 2006.   

Projeto Farei Joias   

Fazendo jus ao prêmio recebido, a joalheira usa todo seu conhecimento, experiência e criatividade no projeto Farei Joias. Nascido como uma oportunidade de acolhimento para as pessoas no início da Pandemia de Covid-19, a iniciativa acolhe pessoas de todas as idades, formações e níveis sociais. Mostra que a joalheria é uma fonte de renda ao alcance de todos, cultural e inclusiva.   

A empresária conta a forte relação entre os povos nativos e seu projeto. “Percebi a enorme conexão entre o Farei Joias e o Quilombo, uma oportunidade de levar até aquelas mulheres um novo olhar, um horizonte mais ampliado, além de podermos aprimorar o design, também incorporar materiais preciosos, sair da bijuteria para a joalheria”, ressaltou, Adeguimar.   

Com sua expertise, a empreendedora, desenvolveu um trabalho para valorizar a arte daquelas mulheres e replicou as ações também em aldeias indígenas. “Onde a arte já existia, apenas adicionamos valor ao significado”.  Hoje o projeto conta com uma gama de alunas no Brasil, até no exterior, onde além da joalheria, os participantes compreendem sobre valor e essência. As turmas participam com uma contribuição individual, além de passar por uma seleção do “por quê” querem participar da iniciativa. As turmas de 2023 já estão abertas e as inscrições serão através do link: https://www.nucleojoalheriaescola.com/fareijoias.