Concessionária passa por dificuldades financeiras desde 2017 e, há dois anos, praticamente não faz investimentos nas rodovias federais que cortam Goiás.
A concessionária Concebra divulgou ter sofrido prejuízo de R$ 76,3 milhões no ano passado, principalmente com a redução de 14,4% da sua receita líquida, para R$ 239,5 milhões. A empresa, com sede em Goiânia, é da Triunfo Participações e tem a concessão de 1,1 mil quilômetros nas BRs 060, 153 e 262 entre Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Deste trecho, 630 quilômetros são do Distrito Federal até a divisa de Minas Gerais com São Paulo, que tem sofrido com a falta de investimentos em manutenção.
A empresa afirma que suas dificuldades começaram em 2016. Naquele ano, o BNDES aprovou o financiamento de R$ 3,6 bilhões, com carência até o final do ano de investimentos (previsto em 5 anos) e prazo de amortização de 20 anos. Mas, alega que o governo mudou as regras do jogo e indeferiu o empréstimo, levando a concessionária à inadimplência no mercado.
“A Concebra foi obrigada a arcar com parte considerável dos investimentos, em montante muito superior ao inicialmente previsto, desconfigurando e tornando inviáveis as obrigações assumidas pela concessionária”, afirma a empresa.
Piora
A situação piorou ainda mais em 2020. Sem os investimentos prometidos nas rodovias, a ANTT aplicou em junho uma redução de 37,3% nas tarifas de pedágio da Concebra, que então decidiu suspender todos os investimentos.
Para completar, o fluxo de veículos nos trechos pedagiados caiu consideravelmente com a pandemia da Covid-19. No ano passado registrou a cobrança de pedágio de 93,5 mil veículos, sendo 72% caminhões e ônibus. É um movimento 9% menor que o registrado em 2020, que já foi de forte queda por conta da pandemia.
Ou seja: o caixa da concessionária sofreu forte baque. “Esses fatos indicam a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia”, avalia auditoria no balanço da Concebra.
Em 2021, a empresa pediu para devolver a concessão das BRs ao governo federal. O acordo foi fechado e o governo tem até fevereiro de 2024 para relicitar e passar o controle das rodovias federais para outra concessionária. Até lá, com a Concebra no vermelho, motoristas não podem esperar muito por melhor estado das rodovias federais que ligam a região central de Goiás ao Sul do País.