quinta-feira, 25 de abril de 2024
O vai e vem do dólar

O vai e vem do dólar

A política cambial e a monetária guardam estreita relação no mercado. Quando as taxas básicas de juros sobem no mercado doméstico, a moeda americana se desvaloriza em relação ao real, favorecendo por um lado a entrada de recursos pelas exportações e também para aplicar em ativos financeiros e/ou ações, nas bolsas de valores. A escalada dos juros iniciada em abril de 2021, o elevou de 2,75% para 11,75% em março de 2022.

25 de março de 2022

Por Júlio Paschoal

A política cambial e a monetária guardam estreita relação no mercado. Quando as taxas básicas de juros sobem no mercado doméstico, a moeda americana se desvaloriza em relação ao real, favorecendo por um lado a entrada de recursos pelas exportações e também para aplicar em ativos financeiros e/ou ações, nas bolsas de valores. A escalada dos juros iniciada em abril de 2021, o elevou de 2,75% para 11,75% em março de 2022.

A produção deu lugar ao rentismo, uma vez que o retorno do capital investido é mais rápido e seguro. No momento, o dólar está abaixo de R$ 4,90 com desvalorização de 12%. O vai e vem das taxas de câmbio ora favorece exportadores, ora importadores, provocando superávit ou déficit na balança comercial. Com as taxas de juros ocorre movimento similar. Na alta, perdem os investidores no setor produtivo e na baixa perdem os especuladores.

Tanto um como o outro movimenta o mercado de câmbio e a economia. Quando os juros estão em queda ou se mantêm com viés de baixa, especuladores realizam lucros e ou prejuízos e trocam seus ativos financeiros por moeda nacional e esta na maioria das vezes em dólar, o valorizando pela busca de melhores retornos e segurança.

Quando os juros sobem no mercado interno, em que pesem os riscos envolvidos nas operações em economias emergentes, os especuladores trazem dólares para o país e com isso aumentam sua oferta no mercado interno levando o preço da moeda a desvalorizar frente ao real, como está ocorrendo atualmente.

A dinâmica da economia proporciona esse vai e vem do dólar e de outras moedas que se relacionam com o real, por isso a equipe econômica tem que fazer o diagnóstico correto da inflação, o que não tem feito, para não causar ainda mais transtornos ao mercado.

A globalização tem um problema localizado em um ou mais países, que leva a problemas em outro. É possível ver isso na guerra entre Rússia e Ucrânia. A extensão do problema no Leste Europeu está fazendo o preço dos derivados do petróleo subirem, mesmo fato tem ocorrido com o trigo e os fertilizantes. A alta desses insumos tem puxado a inflação de custos para cima e pode dificultar o seu controle ainda mais pelo Banco Central.

Júlio Paschoal é economista e professor da UEG.
julioalfredorosa@gmail.com

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Não será publicado.