quinta-feira, 25 de abril de 2024
Ambiente de negócios e inflação

Ambiente de negócios e inflação

A história da República Brasileira, que completou esse ano 132 anos, foi majoritariamente marcada por crise das mais variadas naturezas. Desde a crise do café, a Revolução de 1930, ditadura Vargas, industrialização tardia, abertura da economia em JK, deposição de Jango, golpe militar de 1964, duas crises mundiais do petróleo, a queda do PIB, dois processos de impeachment presidencial e nos últimos anos, forte crise fiscal, baixo crescimento, redução do nível de emprego e retorno da inflação acima de 1 dígito.

3 de dezembro de 2021

Paulo Borges Campos Jr.

A história da República Brasileira, que completou esse ano 132 anos, foi majoritariamente marcada por crise das mais variadas naturezas. Desde a crise do café, a Revolução de 1930,  ditadura Vargas, industrialização tardia, abertura da economia em JK, deposição de Jango, golpe militar de 1964, duas crises mundiais do petróleo, a queda do PIB, dois processos de impeachment presidencial e nos últimos anos, forte crise fiscal, baixo crescimento, redução do nível de emprego e retorno da inflação acima de 1 dígito.

Tudo isso criou o que se convencionou chamar de Custo Brasil, o que tem deturpado as condições de se empreender, com altos custos para toda população do país.Para que o empresário possa investir ou criar a sua empresa, são necessárias situações favoráveis no quadro econômico, social e político, os quais se relacionam diretamente entre si, diminuindo as incertezas e colaborando para o chamado ambiente de negócios.

Diante desse cenário desafiador e complexo que vive o empresário brasileiro, chamo a atenção para a presente instabilidade de preços no país, a já conhecida inflação. Basicamente, os preços se elevam por razões de excesso de demanda na economia ou pelo aumento dos custos de produção. Com a crise do Covid-19 de março de 2020, empresas foram fechadas, empregos perdidos e rendas ceifadas. Portanto, não houve aumento geral da demanda, face a essas situações apresentadas. 

Por outro lado, com a pandemia, os preços dos insumos de produção, tais como matérias-primas, combustíveis, energia elétrica, fertilizantes agrícolas, dentre outros, todos fortemente atrelados ao comportamento do dólar americano, sofreram elevações, sendo repassadas para os preços, resultando na chamada inflação de custo, atualmente em vigor no país. 

A crise em que vivemos não é uma particularidade do Brasil. O mundo inteiro também padece desse mal, face aos efeitos deletério da Covid-19. O ano de 2022 que se avizinha promete mais emoções para os brasileiros, sejam para os políticos, os empresários e os trabalhadores. Teremos eleições para o executivo da União, dos estados, além dos legislativos federal e estaduais. Todo esse movimento político altera também os rumos da economia. As políticas econômicas tendem a ser mais tolerantes com os gastos públicos, abandonando o rigor fiscal, o que acaba elevando a taxa de juros, refletindo em investimentos empresariais mais caros. 

O Congresso Nacional passa a funcionar em razão da eleição de seus membros, abrindo mão ou postergando a votação de importantes assuntos para o funcionamento econômico do país, como exemplo as reformas fiscais e administrativas. A inflação, figura conhecida pelos brasileiros, fica refém das soluções desses problemas, sem as quais os preços continuarão se expandindo, prejudicando a população e os empresários em um círculo vicioso. 

A responsabilidade para resolver tudo isso, além da retomada da economia mundial, passa não apenas pelo governo federal. O Congresso Nacional, as casas legislativas estaduais e municipais, além dos governos estaduais e municipais, precisam agir com mais espírito público, combatendo a corrupção e o descontrole das contas públicas. 

Temos também que deixar de lado o discurso político que beira, às vezes, ao cinismo e ao deboche, assumindo posturas que criem as condições para o setor produtivo gerar mais riquezas, renda e emprego, promovendo o desenvolvimento local. Só assim, poderemos ter uma economia estável, com uma inflação comportada. Eu continuo sendo otimista. Que assim seja!

Paulo Borges Campos Jr.
Economista, doutor pela UFG e consultor sênior da Tarumã Consultoria. pauloborges.consultoria@gmail.com

Paulo Borges Campos Jr é economista e Doutor pela UFG e secretário Executivo de Economia e Parcerias da Secretaria da Fazenda de Aparecida de Goiânia

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