sexta-feira, 19 de abril de 2024
Crescem os pedidos de falências e recuperações judiciais em Goiás

Crescem os pedidos de falências e recuperações judiciais em Goiás

Goiás tem passado por um salto no número de recuperações judiciais e falências em 2021. Dados do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) mostram crescimento de 30% e 35%, respectivamente, de janeiro a setembro, no comparativo com o mesmo período do ano passado.

19 de outubro de 2021

Hanna Mtanios: “É a conta chegando. E não só da pandemia, mas de uma crise geral”

Goiás tem passado por um salto no número de recuperações judiciais e falências em 2021. Dados do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) mostram crescimento de 30% e 35%, respectivamente, de janeiro a setembro, no comparativo com o mesmo período do ano passado. De acordo com o TJ-GO, de janeiro a setembro deste ano foram feitos 169 pedidos de recuperação judicial. No mesmo período de 2020, foram 130. Em relação aos pedidos de falência, o salto foi de 31 para 42.

A tendência de 2021 é oposta ao movimento observado em 2020, quando houve queda significativa em relação a 2019. A partir de janeiro deste ano, contudo, iniciou-se um ciclo de alta. O pior mês, em relação às falências, foi março, com 10 pedidos. Já para os pedidos de recuperação judicial, o recorde do ano foi em julho, com 36 solicitações.

Para o advogado empresarial Hanna Mtanios, é a conta chegando. “E não só da pandemia, mas de uma crise geral”, avalia. “Existe uma carestia geral. Basta ver o exemplo dos (preços) dos combustíveis”, lembra Hanna. “Na verdade, tudo subiu de preços. E essa alta, fora e dentro do Brasil, se reflete na produção das empresas, e na circulação de riquezas e de mercadorias”, diz.

Pressão nas empresas
Essa pressão nos preços acaba tendo uma consequência direta também na saúde das empresas. A prova é que até setembro o número de pedidos de recuperação judicial, 169, já superou todo o ano passado, que teve 157. Os pedidos de falência em nove meses, 42, também se aproximam do total de 2019, que foi de 49. “A inflação faz diminuir o consumo, e isso faz diminuir a circulação de dinheiro, o que faz que as empresas tenham de se reorganizar para se readaptar a esse novo mercado”, afirma Hanna. “É preciso parar, pensar e chegar a algumas conclusões”.

Uma dessas conclusões pode ser a necessidade de demissões e cortes de quadros. “Esse é um efeito cascata”, explica o advogado, que vai acabar alimentando a crise. “Aumentam os preços, as pessoas consomem menos. A empresa diminui o número de empregados, aumenta o desemprego. É uma bola de neve”, compara.

Esse ciclo, conforme o advogado empresarial, culmina não apenas no aumento do número de pedidos de recuperação judicial, mas também no insucesso dela. “A empresa em recuperação não consegue pagar a conta, o que acaba no aumento também de convolação em falência, que é a conversão da recuperação judicial em falência e fechamento das empresas”, diz.

Os sinais desse movimento, segundo Hanna, estão nas ruas. “Há muitos imóveis fechados, alguns de empresas falidas, outros não. “Gente que estava empreendendo fechou as portas e foi para casa, está procurando emprego ou está na informalidade”, lamenta. Em janeiro, passou a vigorar a nova Lei de Falências. Entre os benefícios para as empresas está a possibilidade, por parte de empresas em recuperação, de acessar créditos bancários antes do prazo de 24 meses, desde que autorizado por um juiz.

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