O Copom do Banco Central aumentou ontem a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2019 e a quinta elevação consecutiva neste ano. O “risco fiscal” do Brasil e o impasse para a aprovação de reformas do governo estão entre as razões para o […]
O Copom do Banco Central aumentou ontem a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2019 e a quinta elevação consecutiva neste ano. O “risco fiscal” do Brasil e o impasse para a aprovação de reformas do governo estão entre as razões para o novo aumento dos juros. Definida com base no sistema de metas de inflação, a Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a alta de preços. Por isso, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic, e a reduz quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas. Nos últimos doze meses, a inflação (IPCA) acumula alta de 9,68%, bem acima dos 3,75% estipulados como meta para 2021.
A elevação da Selic tem repercussões em várias áreas da economia, afetando o custo de crédito, investimentos das empresas e até a geração de empregos. Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais, alerta que o movimento de retração da atividade econômica como consequência da Selic mais alta é “quase mecânico”. O ciclo de alta de taxa de juros e a crise hídrica devem afetar o crescimento da economia brasileira no ano que vem.
A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) divulgou nota criticando o aumento da taxa de juros, por gerar desestímulo ao consumo, sobretudo de bens duráveis. “Para a classe produtiva, o encarecimento do crédito freia ainda mais a produção e os investimentos acabam sendo destinados à aplicações financeiras. Isso faz com que aumente a ociosidade da indústria, que já vem prejudicada pela pandemia da Covid-19”, avaliou o presidente da entidade, Sandro Mabel.
Após um período de seis anos sem sofrer aumentos, chegando a atingir o menor patamar histórico de 2%, em agosto/2020, a série de aumentos da Selic foi retomada em março deste ano. Na análise da assessora econômica da Fieg, Januária Guedes, caso se confirme as expectativas para os índices de preços, o indicador pode subir ainda mais até dezembro. “A Selic pode chegar a 8,25% ao final do ano, a maior taxa desde setembro de 2017”, afirmou.