sexta-feira, 19 de abril de 2024
Tecnologia pode diminuir empregos?

Tecnologia pode diminuir empregos?

O termo Indústria 4.0 se popularizou no Brasil a partir da fabricação de produtos. Porém, aos poucos vem conquistando o homem do campo e fazendo a diferença no resultado do agronegócio brasileiro, mesmo em cenários de crise. Comprovando a afirmação, o 2º trimestre do PIB brasileiro foi marcado por dois únicos resultados positivos: agropecuária com […]

26 de outubro de 2020

O termo Indústria 4.0 se popularizou no Brasil a partir da fabricação de produtos. Porém, aos poucos vem conquistando o homem do campo e fazendo a diferença no resultado do agronegócio brasileiro, mesmo em cenários de crise. Comprovando a afirmação, o 2º trimestre do PIB brasileiro foi marcado por dois únicos resultados positivos: agropecuária com crescimento de 0,4% e exportação com saldo de 1,8%.

Entendendo a importância desse setor para aumentar a eficiência e até reduzir custos no agronegócio brasileiro, o Governo Federal acaba de lançar o Programa Agro 4.0. A proposta é dar apoio financeiro para implantar 14 projetos, que possam ser replicados em grande escala nas fazendas brasileiras. Embora o investimento esteja na ordem de R$ 5milhões reais, toda iniciativa que colabore com esse setor é bem-vinda.

É inegável que a indústria 4.0 ganha escala no agronegócio. Em Goiás, já está presente através de conectividade, robótica, Inteligência Artificial e principalmente, melhoramento genético a partir da biotecnologia. Mas, ainda não está acessível a todos os produtores, que em geral, são multitarefas, assumindo desde a compra de sementes para o plantio à comercialização. Soma-se a isso, insegurança em estradas de péssima qualidade, o que gera perdas e dificulta o controle de frotas.

A introdução de novas tecnologias é capaz de racionalizar insumos, aumentar a produtividade possibilitando projetar o resultado com mais precisão. Na agricultura, por exemplo, a análise do solo é feita em modo analógico, mas no futuro, tudo será digital. Essa potencialidade do agronegócio na economia brasileira, somada a modernos processos mecanizados e integração dos ciclos produtivos, sinaliza quão grande será o crescimento do mercado de tecnologia no país nos próximos anos.

Outra tendência, o modelo de fazenda idealizado para o futuro, com produção 100% autônoma, ainda segue distante de ser uma realidade. Uma boa notícia para aqueles que temem a substituição de mão de obra por máquinas é que o Brasil ainda tem os próximos anos para se preparar. Porém, quando se avalia a transformação do trabalho humano por introdução de novas tecnologias, uma regra que nunca muda é a necessidade de se reinventar, adquirir novas habilidades e assumir funções, que ainda nem foram criadas.

Na educação básica, escolas particulares já introduzem em Goiás, disciplinas como pensamento computacional, além de aplicar estratégias disruptivas associadas a outras disciplinas. Aos profissionais que atuam ou pretendem iniciar carreira no agro é importante que estejam capacitados. Afinal, com um estado tão avançado no agro como o nosso, o modelo de educação deve seguir o mesmo protagonismo para que empregos sejam gerados e inovações disruptivas ganhem o mundo.

Em Rio Verde, por exemplo, um grupo de pesquisa idealizado por empresários investe uma média de R$3milhões anualmente em melhorias de processos produtivos. Goiás conta com boas graduações, mas em outros estados o ambiente cultural que promete dominar o agro nos próximos anos, já é gestado em laboratórios de altíssima complexidade. Nesses espaços, a capacidade de criar métricas, avaliar processos e falhas, além de novos modelos de negócios são aplicados de forma que o profissional consiga mais resultado com menos investimentos e em menor tempo.

Como desdobramento no campo, o produtor terá acesso a tecnologias para aplicar insumos sob medida, coordenando o plantio a horários e locais ainda mais inusitados. Com sistemas tão eficientes, fazendas terão equipes trabalhando diuturnamente.

A história prova que as inovações foram capazes de gerar riquezas e oportunidades, ampliando o número de empregos. No caso do agro, poderá atrair ainda mais agroindústrias, serviços de assistência tecnológica em tempo real e integrar outros setores da economia.

Engenheiro agrônomo pela USP e especialista em tecnologias para o agronegócio.

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4 thoughts on “Tecnologia pode diminuir empregos?”

  1. Parabéns José Roberto, suas análises e seu compromisso com a evolução somam muito, pois falar de inovação tem que ser no café, no almoço e no jantar… para que continuemos a tê-los em nossas mesas. Forte abraço

  2. Allan Freire disse:

    Excelente artigo. Não se deve impedir o avanço tecnológico, o ser humano tem que se reinventar como já fez milhares de vezes. Isso faz parte da evolução natural. No futuro teremos atribuições que hoje desconhecemos. Rumo ao futuro!

  3. Adriano Sarmento disse:

    Excelente matéria. E o conteúdo é muito oportuno para o momento em que vive esse segmento produtivo. Em se pensando na melhoria contínua, um pouco de TI em toda cadeia, agregaria bastante nas diversas fases da produção. E no final, maiores ganhos para o produtor. O campo precisa de TI!!!

  4. Adriano Sarmento disse:

    Excelente matéria!
    O processo de melhorias contínuas passam, necessariamente, pela TI. Otimizando toda cadeia produtiva e, com certeza, melhores resultados.