sábado, 20 de abril de 2024
Usinas de etanol podem fechar as portas em Goiás

Usinas de etanol podem fechar as portas em Goiás

No início do processamento de mais uma safra de cana-de-açúcar, as usinas sucroalcooleiras de Goiás, a exemplo do que vem ocorrendo em todo o País com as demais 325 existentes, sofrem os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus, agravado com outros problemas que já se arrastavam há alguns anos. No Estado, das 35 indústrias […]

7 de maio de 2020

André Rocha: “No Estado, das 35 indústrias do segmento, 13 estão em recuperação judicial, das quais em três a produção está totalmente paralisada há algum tempo”

No início do processamento de mais uma safra de cana-de-açúcar, as usinas sucroalcooleiras de Goiás, a exemplo do que vem ocorrendo em todo o País com as demais 325 existentes, sofrem os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus, agravado com outros problemas que já se arrastavam há alguns anos. No Estado, das 35 indústrias do segmento, 13 estão em recuperação judicial e destas, três estão com a produção totalmente paralisada há algum tempo.

O diretor da consultoria Datagro, Plínio Nastari, estima que um quarto das usinas de açúcar e álcool em operação no Brasil corre o risco de fechar as portas até o final do ano. Das 360 existentes no País, 104 estão em recuperação judicial, incluindo as goianas. Segundo a Unica, desde 2005, 95 usinas foram fechadas na Região Centro-Sul. A receita do setor é de R$ 100 bilhões.

O presidente do Sindicato de Açúcar e Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, disse que as indústrias passam por um momento de crise. Além da falta de capital de giro e de uma política pública para o segmento, a pandemia causada pelo vírus provocou uma queda acentuada de demanda pelos combustíveis, que somada a questão do derretimento do preço do petróleo por causa do desentendimento entre os grandes produtores Arábia Saudita e Rússia, jogaram as cotações das fontes alternativas de energia do mundo, entre elas o etanol, para baixo.

Em Goiás, lembrou o executivo, já existe o agravante com a queda do benefício fiscal do etanol anidro representando perda de 20%, conforme lei aprovada no final do ano passado. Como também, com a entrada em vigor no segundo semestre do novo Protege (Fundo de Proteção Social do Estado de Goiás) com valor quase 60% maior do que o valor do ano passado, quando as usinas do Estado já pagaram R$ 300 milhões.

Há 50 dias, em Goiás o litro do etanol nas usinas, já com impostos, saia por R$ 2,10. Atualmente, o valor é R$ 1,30. “E o pior disso tudo, a queda do preço ainda não chegou totalmente para os consumidores”, lamenta André, ao acrescentar que este valor irrisório está colocando em risco toda a cadeia produtiva do setor e muitas indústrias poderão não ter fôlego para sobreviver e poderão fechar as portas. Os grupos mais capitalizados poderão segurar as pontas, mudando o mix de produção do etanol para ao açúcar. Porém, em Goiás, todas as 35 usinas destilam etanol e apenas 15 vão fabricar etanol e açúcar nesta safra.

Nesta sexta-feira (8/5), os associados do Sifaeg vão se reunir, por videoconferência, para fazer uma estimativa de produção nesta safra. Mas André Rocha adianta que a quantidade de cana para ser processada será superior à do ano passado. A questão agora é saber se as usinas vão moer toda a produção ou deixar parte para o próximo ano, destaca o presidente da entidade.

“Tudo vai depender do pacote de ajudas às usinas, que estamos negociando com os governos federal e estadual, para enfrentar a crise deste momento. No âmbito nacional, as empresas esperam uma linha de financiamento para estocagem do etanol e o aumento da Cide, tributo cobrado sobre a gasolina vendida para R$ 0,40 o litro (hoje, o valor é de R$ 0,10), além da suspensão temporária da cobrança de PIS e Cofins sobre o etanol hidratado.

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