terça-feira, 23 de abril de 2024
Cresce o risco de desindustrialização, afirmam Fieg e Adial

Cresce o risco de desindustrialização, afirmam Fieg e Adial

Nos últimos 30 anos Goiás passou por ampla industrialização, com a modernização da sua economia, aumento do mercado consumidor e forte política governamental de atração de investimentos privados (leia aqui um recente estudo do Ipea sobre isto). Mas, com mudanças nesta política e a crise econômica no País nos últimos anos, que ainda não foi […]

23 de setembro de 2019

Sandro Mabel, presidente da Fieg: insegurança para investimentos no Estado é o principal fator

Nos últimos 30 anos Goiás passou por ampla industrialização, com a modernização da sua economia, aumento do mercado consumidor e forte política governamental de atração de investimentos privados (leia aqui um recente estudo do Ipea sobre isto). Mas, com mudanças nesta política e a crise econômica no País nos últimos anos, que ainda não foi superada, corre o risco de sofrer um processo de desindustrialização, com a transferência de empresas (ou parte da produção delas) para outros Estados. O alerta tem sido feito pelos presidentes da FIEG, Sandro Mabel, da Adial Goiás, Otávio Lage Filho, e da Adial Brasil, José Alves Filho.

O aumento da carga tributária em Goiás, afirmou o presidente da Fieg, por conta do novo Protege (que passou a cobrar um ICMS maior das empresas com incentivos fiscais no Estado), gerou impacto negativo em vendas e produção para algumas indústrias. “É algo (industrialização) que já teve início em Goiás. Já estamos vendo isto claramente em alguns setores, como o de laticínios, em que investimentos para produzir derivados de leite estão sendo transferidos para outros Estados, como Minas Gerais e no Sul do País”, enfatizou.

Otávio Lage afirma que muitas das grandes indústrias estão em Goiás por conta dos incentivos, que geram competitividade para concorrer em todo o mercado nacional e para as exportações. Citou como exemplo a indústria automobilística, que tem duas em operação no Estado (Caoa e Mitsubishi). “O custo de investir numa fábrica deste setor é elevadíssimo e Goiás não tem mercado consumidor para justificar tamanho aporte de recursos, sem falar que aqui não se produz muitos dos insumos básicos, como o aço”, frisou.

Um levantamento da Secretaria da Indústria e do Comércio do Estado (SIC) confirma o risco de desindustrialização no Estado: neste ano houve significativa redução no número de projetos privados para Goiás que, por sua vez, reduz a expectativa de geração de novos empregos, principalmente no setor industrial. O motivo, apontado pela Fieg e Adial Goiás, é principalmente um: insegurança jurídica que as empresas têm hoje para se investir no Estado, principalmente por conta sobre as incertezas quanto aos incentivos fiscais.

De janeiro a julho deste ano, foram 37 projetos privados aprovados pelo Programa Produzir. É 24,5% a menos que o montante aprovado em igual período de 2018. Um motivo é apontado nos números oficiais do governo: houve redução de 75% no volume de incentivos fiscais ofertados para que as 37 empresas realizem estes investimentos no Estado, de R$ 20,8 bilhões (que podem ser usufruídos por até 20 anos) para R$ 5,1 bilhões.

Um resultado direto com esta redução de projetos, segundo o relatório oficial da SIC, é o menor potencial de geração de empregos em Goiás. Dos 49 projetos aprovados pelo Programa Produzir entre janeiro e julho de 2018, a expectativa de geração de empregos diretos era de 2,1 mil novas vagas (quando os investimentos forem efetivados em sua totalidade). Para este ano, dos 37 projetos aprovados, a expectativa é bem menor: 875 empregos diretos, redução de 59%.

Além disso, uma coisa é a empresa ter seu projeto de investimento aprovado pelo governo para receber incentivo fiscal. Outra é decidir realizar o investimento. Em 2018, dos 100 projetos aprovados pelo Produzir, apenas a metade saiu do papel. Neste ano, dos 37 aprovados, somente 12 (um terço) começou a virar realidade. Os demais ainda aguardam maior segurança jurídica para pularem, de fato, para a etapa de investimentos no Estado.

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