Em 2017, o Brasil tinha 11,1 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que faziam parte da geração “nem-nem”, grupo de pessoas que não trabalham e também não estavam matriculadas em uma instituição de ensino. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística […]
Em 2017, o Brasil tinha 11,1 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que faziam parte da geração “nem-nem”, grupo de pessoas que não trabalham e também não estavam matriculadas em uma instituição de ensino. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, apontam que esse número representava 25,8% do total dos jovens brasileiros.
Diante desse cenário, o mestre em inovação, criatividade e empreendedorismo, Marcelo Crivella Filho, criou o RiseUp, evento de empreendedorismo que reuniu mais de 800 pessoas neste sábado (8 /12) em Goiânia (o primeiro fora do Rio de Janeiro). O summit tem o objetivo de mudar a mente dessa parte da população e incentivar os jovens a criarem seus próprios negócios.
Crivella Filho, que também é psicólogo e empreendedor, acredita que o brasileiro deve despertar o próprio potencial empreendedor para enfrentar com coragem o mundo dos negócios. “O jovem brasileiro tem que fazer uma revolução positiva e mobilizar o senso de autorresponsabilidade, ou seja, mostrar que é possível alcançar resultados por meio da reprogramação da mente”, disse.
De acordo com pesquisa realizada com participantes da edição goiana do RiseUp, cerca de 32% do público apresentava baixa ou média motivação em relação aos próximos anos e o desejo de empreender no Brasil. Em contrapartida, 68% apontaram algum nível de confiança. “O objetivo do evento é justamente estimular ainda mais essa maioria e tentar provocar uma revolução, uma injeção de ânimo para que os demais possam ver o empreendedorismo como uma oportunidade”, destacou.
Novos rumos
Para possibilitar mais o engajamento dos jovens no empreendedorismo, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, defende que os governos, dos diferentes níveis, devem oferecer mais incentivos fiscais e uma legislação mais transparente e clara. “Incentivos são fundamentais para fomentar cadeias produtivas que não são a vocação estadual ou nacional. Isso acaba gerando novas oportunidades para empreendedores de setores diversificados”, afirmou.
Baldy também alertou para a mudança de paradigma no mercado nacional. Para o ministro, a novo cenário aponta para redução de trabalhos em decorrência do avanço da tecnologia. Teremos cada vez mais pessoas apostando no empreendedorismo. Hoje, temos mais de 12 milhões de desempregados e a aposta em novos negócios pode ser a solução para que o brasileiro dê a volta por cima na crise”, comentou.
No mesmo sentido, o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), Fábio Queiróz, vê que o surgimento das novas tecnologias irão impactar os negócios como conhecemos hoje. “A hora que passarem a entregar todos os produtos da forma como eu quero, por um aplicativo, em minha casa, a pergunta será: o que eu vou fazer na loja física?”, refletiu.
O presidente da ASSERJ ainda detalhou as novas tendências do mercado ao mostrar como as técnicas e as tecnologias da era digital se tornarão cada vez mais comuns no processo de compras e no relacionamento com clientes. “A loja física, como conhecemos hoje e da forma como funciona há décadas, vai acabar. Os novos empreendedores devem estar atentos aos processos que geram novas experiências e facilidades aos consumidores na hora da compra”, detalhou.
Para estimular parte dos jovens com baixa motivação para o empreendedorismo no evento, alguns palestrantes ressaltaram a importância da perseverança. Um deles foi o designer alemão de cidadania brasileira e austríaca, Hans Donner, criador do logotipo da Globo e responsável por toda a programação visual da emissora, como as vinhetas de abertura de telenovelas, jornalismo, esporte, programas infantis e de humor. Após chegar ao Brasil, o “mago do designer gráfico” teve diversas tentativas frustradas de emprego. “Não entendia o porquê das pessoas falarem que meu trabalho era bom, mas me negavam uma oportunidade. Não desisti, e hoje sou o austríaco mais conhecido no Brasil”, brincou.
A empresária e primeira franqueada da rede de restaurantes Giraffas, Patrícia Leal, também salientou a importância da resiliência e do perdão para vencer na carreira. “Há aqueles que perdoam e os que não perdoam. É triste a vida daqueles que não querem ou não sabem perdoar. O segredo para alcançar o sucesso é trabalhar duro”, finalizo. (Fotos de Patrícia Bonfim)