Depois de amargar queda nas vendas e engavetar projetos de empreendimentos por três anos, as construtoras e incorporadoras em Goiás começam a respirar novos ares para 2019. O início para a retomada de investimentos começou no segundo semestre deste ano e tem se intensificado nos últimos meses, com anúncios e realização de lançamentos em diversos […]
Depois de amargar queda nas vendas e engavetar projetos de empreendimentos por três anos, as construtoras e incorporadoras em Goiás começam a respirar novos ares para 2019. O início para a retomada de investimentos começou no segundo semestre deste ano e tem se intensificado nos últimos meses, com anúncios e realização de lançamentos em diversos segmentos do mercado imobiliário.
De unidades menores do programa Minha Casa, Minha Vida a apartamentos de luxo, passando por loteamentos, a nova leva de empreendimentos promete opções para todos os estilos e bolsos. A Opus, uma das construtoras goianas especializadas em moradias de alto padrão, vai lançar dois empreendimentos em Goiânia no ano que vem. O primeiro será lançado no primeiro semestre, no Setor Marista, com apartamentos de 310 m² e preço girando em torno de R$ 7 mil o m².
A segunda unidade será no Setor Bueno, com medidas acima de 200 m². O padrão de ambos será o mesmo que fez a fama da empresa: apartamentos com assinatura própria, espaçosos, acabamento fino e arquitetura arrojada. “Nossa meta é vender 20% mais do que conseguimos este ano, que já foi um período de boa recuperação em relação aos anos anteriores”, diz o diretor Dener Justino, revelando que serão investidos R$ 200 milhões nos novos projetos.
Brasal e EBM também têm projetos prontos nessa fatia de alto padrão para 2019. Thiago Galvão, diretor regional da Brasal, informa que a empresa injetará R$ 250 milhões em dois empreendimentos de luxo nos setores Bueno e Oeste. Um será um loft de luxo e outro de apartamentos de 200 m², com valores em torno de R$ 6.500 a R$ 7 mil o metro quadrado. “As condições econômicas já estão dadas para esta retomada. Até os Títulos do Tesouro caíram de 21% para 9%, o que estimula o poupador a aplicar num novo imóvel, como moradia ou como investimento”, diz Thiago Galvão.
A EBM também vai lançar dois empreendimentos de alto padrão em bairros nobres de Goiânia (setores Oeste e Bueno), mas como tem um portfólio maior, programa também dois projetos do Minha Casa, Minha Vida e um de loteamento. “Nosso esforço de 2017 até agora foi baixar estoques e um bom termômetro que tivemos da retomada do mercado foi com um lançamento de alto padrão no Setor Oeste, onde vendemos 60% dele em seis meses”, diz o diretor Ademar Moura.
Juros e Lei do Distrato
Analistas e agentes do mercado veem nos juros cobrados no mercado o principal motivo para esse otimismo nos negócios imobiliários. Com inflação rodando a 4,5% (4,56% nos últimos 12 meses) e Selic estabilizada em 6,5%, os juros para o consumo nunca estiveram tão baixos no país. No mercado imobiliário, os juros médios ficam em torno de 8,5% ao ano. É um índice atrativo tanto para o consumidor quanto para as próprias construtoras, que também recorrem a financiamentos para bancar seus projetos. O fim do processo eleitoral, com o novo governo prometendo manter a agenda de reformas, também alimenta as boas expectativas.
“Acredito que o setor vá experimentar um crescimento de 20% no ano que vem, tanto em volume de lançamentos quanto de vendas”, diz Roberto Elias, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). Segundo ele, o contexto econômico ajuda e tem avançado também um marco legal importante para o setor, que é a chamada Lei do Distrato passando no Congresso.
No último dia 21 de novembro, o texto-base do Projeto de Lei nº 68/2018 foi aprovado no Senado, devendo retornar à Câmara dos Deputados para apreciação final. A lei define regras para empresas e consumidores em caso de desistência da compra de um imóvel ou loteamento. “Será muito bom para todos iniciar um novo ciclo com regras mais claras nesse negócio”, comenta Elias.
Classes C e D
Se as empresas do setor de alto padrão estão animadas, as que atendem às classes C e D estão mais ainda. Praticamente todas programam vários lançamentos nos próximos meses, retomando uma agenda de negócios dos tempos pré-crise. “O mercado volta a ser comprador, é hora de desengavetar projetos”, diz Leandro Daher, da Tropical Urbanismo e Incorporação, informando que a empresa vai ofertar quatro mil lotes no ano que vem, em oito projetos de loteamento residencial em Goiânia, Itumbiara, Rio Verde e Gurupi (TO).
Além disso, estão nos planos para 2019 quatro projetos de unidades habitacionais nos segmentos do chamado perfil econômico, que são apartamentos que custam de R$ 160 mil a R$ 300 mil. A Tropical vai lançar também seis projetos de condomínios horizontais em Goiânia, Pirenópolis e Cuiabá e mais três condomínios de lazer em Corumbá 4 e Aragoiânia. “Todos os dados de sustentação da economia já estão dados, acreditamos que o consumidor percebe isso e já está planejando seus investimentos”, diz Leandro Daher.
Gigante nacional do programa Minha Casa, Minha Vida, a mineira MRV programa 10 empreendimentos nesse segmento na Grande Goiânia e Anápolis. Serão 2.400 unidades habitacionais com valores médios de R$ 145 mil ao consumidor. “Crescemos 23% neste ano e esperamos no mínimo repetir esse desempenho no ano que vem, mas acredito que vamos superar”, afirma Marcos Siqueira, coordenador de vendas da MRV em Goiás, que injetará R$ 300 milhões em investimentos nesses lançamentos.
Siqueira diz que esse segmento foi o que menos sofreu com a crise econômica dos últimos anos, em função da participação direta do governo federal nos financiamentos. “Mesmo com as crises econômica e política, tivemos uma manutenção, nunca fechamos no vermelho nesses últimos anos”, informa o executivo da MRV teorizando sobre a segurança das políticas públicas nessa área. “Ninguém vai mexer nisso, não há razão para cortar ou diminuir. É algo que comprovadamente dá certo. É bom para as pessoas, é bom para a economia, para o país, enfim”, conclui.