sexta-feira, 19 de abril de 2024
Goiás Rendering vai produzir o dobro com investimentos

Goiás Rendering vai produzir o dobro com investimentos

Completando 37 anos em outubro, a goiana Coming, especializada na produção de couro natural, investe na ampliação de seus negócios de subprodutos de origem animal pela Goiás Rendering. A empresa está investindo R$ 19 milhões na Goiás Rendering para dobrar a produção de subprodutos de ossos, sangue e vísceras em 2019. Além da produção de […]

16 de outubro de 2018

Emílio Bittar na Coming, que produz 180 mil peças de couro por mês, utilizado na indústria de artefatos (calçados, bolsas e acessórios) e estofamentos, incluindo bancos de carros

Completando 37 anos em outubro, a goiana Coming, especializada na produção de couro natural, investe na ampliação de seus negócios de subprodutos de origem animal pela Goiás Rendering. A empresa está investindo R$ 19 milhões na Goiás Rendering para dobrar a produção de subprodutos de ossos, sangue e vísceras em 2019.

Além da produção de couro, hoje em 180 mil peças por mês na Coming, a empresa processa na Goiás Rendering cerca de 400 toneladas por dia da chamada graxaria, a produção de sebo e farinhas a partir de ossos, vísceras e sangue animais. Praticamente toda a produção (97%) é destinada à exportação para 36 países. São 10 agentes espalhados pelo mundo e um escritório próprio montado há três meses na China, onde estão os principais clientes da empresa, ao lado dos italianos.

Além da fábrica de couro Coming em Trindade, o grupo possui duas unidades da Goiás Rendering em solo goiano (Trindade e Luziânia), uma no Pará (em Santo Antônio do Tauá) e outra em Salvador, na Bahia, que está sendo transferida para a cidade de Teodoro Sampaio, cuja unidade será completamente nova e com inauguração prevista para novembro. O grupo tem 700 funcionários diretos, sendo 500 na fábrica de couro (Coming) e 200 na Goiás Rendering, onde o parque fabril é mais automatizado.

“Se quisermos continuar com o sucesso que temos conquistado até agora, uso de tecnologia e boas práticas de produção são palavras-chave. Sem isso, não vem a certificação e sem ela não tem mercado”, diz o diretor-presidente Emílio Bittar durante visita do EMPREENDER EM GOIÁS às unidades do grupo em Trindade, na Grande Goiânia. Certificação nessa área, conta ele, está fortemente ligada à fitossanidade e gestão ambiental.

O couro da Coming serve à indústria de artefatos (calçados, bolsas e acessórios) e estofamentos, incluindo bancos de carros. Já a produção da Goiás Rendering tem uma vasta aplicação, indo desde as fábricas de sabão (sebo) à indústria de cosméticos (colágeno, usado também na produção de gelatina), passando por biodiesel (gordura) e ração animal (farinhas de ossos, vísceras e sangue) para a pecuária, avicultura e pets.

Emílio Bittar: “A Goiás Rendering processa cerca de 400 toneladas por dia da chamada graxaria: a produção de sebo e farinhas a partir de ossos, vísceras e sangue animais”

Vilas Couro e Rendering

Hoje com ousados planos de expansão (ele não detalha, mas há estudos de entrar no mercado de plasmas e hemoglobinas, produtos de alto valor agregado), Emílio Bittar conta que a história do grupo, iniciada com a Coming, nem sempre foi um mar de rosas. Primeiro com um galpão de apenas 150 m² em Guapó e um pequeno caminhão alugado, a Coming passou por maus bocados no início dos anos 90. Servia a uma pujante indústria calçadista nacional que praticamente quebrou.

“O Brasil exportava algo em torno de 5 milhões a 6 milhões de pares de calçados naquela época, hoje não chegamos a 500 mil pares”, compara o empresário, que é também militante da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA; o irmão e sócio Pedro Bittar é segundo vice-presidente da associação).

A saída da crise, relembra Emílio, estava no aeroporto. Arrumou as malas e foi para China, onde acontece uma das grandes feiras mundiais do setor. Lá conseguiu fechar sua primeira venda externa de wet blue (primeiro estágio do preparo do couro), dividida entre Portugal e Espanha. “Fui com a cara e a coragem, me juntei a quem antes eu fornecia matéria-prima, todos do Sul do país. Goiás ainda não curtia couro, só tínhamos couro salgado”, recorda Emílio Bittar.

Não parou mais. De 1991 a 1995, curtia o couro no Rio Grande do Sul e exportava. Ainda em 1995, arrendou unidades em Anicuns e Inhumas e terceirizou produção em outra, de Nazário. Em 1999, comprou a Vilas Couro, uma pequena fábrica já desativada em Trindade, onde concentrou toda a sua produção, investindo em novos maquinários e melhoria de processos.

Reerguida a partir da Vilas Couro, a Coming aproveitou o boom da exportação dos anos 2000 e vislumbrou expansão de sua reciclagem animal a partir de outros subprodutos do abate. Compraram a Cispan, uma “graxaria” de Jataí que processava 20 toneladas diárias de ossos e vísceras. Nascia assim, em 2005, a Goiás Rendering (o termo rendering, em inglês, quer dizer transformação).

Sem deixar o couro, os irmãos Bittar perceberam que um futuro melhor estava mesmo na transformação de ossos, vísceras e sangue animais. Mas não sem altos investimentos. Emílio Bittar esconde dados de faturamento do grupo, mas dá pistas dos números que envolvem o negócio. Todo o maquinário é importado. Nenhuma máquina desse tipo de indústria custa menos de 50 mil dólares (muitas são em euros) e há as que chegam a meio milhão de dólares (ou euros, a depender do fornecedor). Nas modernas unidades da Goiás Rendering há fornecedores alemães e italianos.

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