sexta-feira, 19 de abril de 2024
Grupo Otávio Lage fatura R$ 1 bilhão com etanol, açúcar e energia

Grupo Otávio Lage fatura R$ 1 bilhão com etanol, açúcar e energia

Com faturamento anual próximo de R$ 1 bilhão, o Grupo Otávio Lage se tornou um dos principais conglomerados empresariais de Goiás e do País. Iniciado há 68 anos, ainda busca parcerias para ampliar seus negócios, cuja principal atividade está na produção de etanol, açúcar e energia do bagaço e da palha da cana, além de […]

6 de agosto de 2017

Com faturamento anual próximo de R$ 1 bilhão, o Grupo Otávio Lage se tornou um dos principais conglomerados empresariais de Goiás e do País. Iniciado há 68 anos, ainda busca parcerias para ampliar seus negócios, cuja principal atividade está na produção de etanol, açúcar e energia do bagaço e da palha da cana, além de outras áreas de atuação como a produção de borracha natural, agricultura, pecuária e empreendimentos imobiliários.

O grupo goiano é formado por cinco empresas: Jalles Machado S/A, Vera Cruz Agropecuária, Planagri, OL Látex e Palmeiras Empreendimentos Imobiliários. Juntas empregam 4,3 mil trabalhadores, mas envolvem 20 mil pessoas diretamente aos seus negócios. Isto equivale a quase um terço da população de Goianésia, sede da empresa.

“Foi atingido o principal objetivo do meu pai (o ex-governador Otávio Lage), que era o de gerar emprego e renda para a população de Goianésia”, afirma o diretor executivo do Grupo, Otávio Lage Filho, ao EMPREENDER EM GOIÁS. “Nossa meta para os próximos três anos é colocar o endividamento do grupo num patamar que nos dê tranquilidade. Assim, vamos diminuir custos e aumentar a produção”, diz.

Nos últimos anos a empresa contraiu financiamentos para a expansão de suas atividades, mas a crise do álcool e as políticas equivocadas do governo federal em relação ao setor sucroenergético elevou o endividamento do setor. Isto obrigou o Grupo Otávio Lage a se desfazer de ativos importantes, como a Goiás Carne, e vender 65% da termelétrica Codora Energia, hoje Albioma Codora Energia. A empresa se prepara agora para realizar novas parcerias no aproveitamento do biogás e do gás carbônico e avalia investir numa indústria de processamento de borracha natural.

Ricardo Fontoura e Otávio Filho comandam o grupo empresarial goiano com sede em Goianésia

Visionário
As atividades do grupo iniciaram no final dos anos 40 quando, aos 25 anos de idade, o recém-formado engenheiro civil Otávio Lage começa trabalhar em fazendas em Goianésia, onde implantou modernas técnicas de produção, inclusive para a produção de café em Goiás. Ainda novo se elege prefeito da cidade (1962-1965) e, aos 42 anos, governador do Estado (1966-1971). Empreendedor, expandiu os negócios da família com investimentos em vários segmentos econômicos onde via oportunidades.

Mas o grande divisor de águas acontece em novembro de 1980, quando Otávio Lage decide pela implantação de uma destilaria de álcool em Goiás, aproveitando os incentivos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), e investe na criação da Destilaria Goianésia Álcool. “Naquela época era uma aventura. A gente não tinha nenhuma experiência em açúcar e álcool. O Otávio Filho (Otavinho) foi para São Paulo participar do projeto para que a gente tivesse uma segurança maior na administração”, afirma Ricardo Fontoura de Siqueira, filho do ex-governador e presidente do Conselho de Administração do Grupo, ao EMPREENDER EM GOIÁS.

Em 1993, a indústria começou a produzir açúcar cristal e passou a se chamar Jalles Machado Açúcar e Álcool, uma homenagem dos acionistas da empresa ao pai de Otávio Lage.

É hoje a principal empresa do grupo, a 33ª maior usina em moagem de cana do País, com a produção de 120 milhões de litros de etanol hidratado e 65,6 milhões de litros de etanol anidro, considerando também a produção da nova unidade Otávio Lage, inaugurada em 2011. Também é uma das maiores exportadoras de açúcar orgânico do mundo, com a marca Itajá, comercializado na Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Uruguai, Coréia do Sul, China, Filipinas, Nigéria, Tunísia, Comunidades Judaica e Muçulmana. Ainda produz açúcar do tipo cristal (171,5 mil toneladas) e VHP (34,7 mil toneladas).

Diversificação
Os negócios do grupo vão além de produzir etanol e açúcar. Há um grande aproveitamento de seus recursos para diversificação dos negócios. “Pesquisamos novos negócios para empregar as pessoas que cortavam a cana nas lavouras e ficavam desempregadas na entressafra”, diz Ricardo. O grupo fabrica linha de produtos de higiene e limpeza com a marca Itajá, além de leveduras secas. As usinas de etanol aproveitam ainda o bagaço e a palha da cana para produzir energia, sendo que somente a Unidade Jalles Machado produziu 127,2 mil MW na safra 2016/2017.

Outra área que o Grupo Otávio Lage investe desde 1989, quando as lavouras de cana quase foram todas mecanizadas, é a de heveicultura para a produção de borracha natural. Inicialmente com cultivo de 220 mil mudas de seringueira para a extração de látex. Posteriormente recebeu novos investimentos com o projeto Porteiras Seringal, com o plantio de 900 mil árvores. Hoje a produção supera mais de 1 milhão de mudas.

“Está dando um resultado muito bom”, afirma Ricardo. “A tal ponto de estarmos estudando construir uma indústria para vender o látex processado para indústrias de pneus como a Michelin, Goodyear ou Pirelli”, complementa Otávio Filho.

Wanderley de Faria é jornalista especializado em Economia e Negócios, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA/FEA/USP - BM&FBovespa

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